Traçar
cortes na pele a fim de aliviar as dores emocionais que sentia nunca pareceu
fazer muita lógica pra mim, de qualquer forma era a opção mais rápida que
encontrava pra afastar o extremo desconforto que tudo aquilo me causava. Confesso
que nunca fui muito boa em enfrentar problemas, sempre procurei diversas
maneiras de me esquivar deles e lidar com as dores físicas, sempre pareceu mais
fácil do que com as emocionais.
Sempre
fui cheia de medos, traumas, carreguei por muito tempo um complexo de inferioridade
que por pouco não me levou a uma depressão ou coisa pior. Sofri sozinha e
calada cada uma das minhas dores e tentei ocultar de todas as maneiras as
marcas que aquilo deixava em mim. Não queria a pena de ninguém, não queria
chamar atenção, mais quis várias vezes que me tirassem do fundo daquele poço
escuro e me levassem de volta pra luz.
Assistir
essa semana ao filme “Tão forte e tão perto” me levou há uma viagem no tempo me
vi claramente refletida no garoto Oskar - personagem principal da trama -, identifiquei-me
com cada um dos seus medos e fobias e lembrei das vezes que me trancava no
banheiro ou deitava debaixo da cama e com um estilete saía cortando o braço.
Ás
vezes sinto-me envergonhada só de imaginar, mas jamais negarei o que fiz, é
parte do que sou e acredito que precisava passar por coisas desse tipo pra dá
razão a minha vida. Dores sempre existirão o que faz a diferença é a maneira de
encará-la. Fugir nunca será a melhor saída, o máximo que você consegue é
prolongar o inadiável por que hora ou outra você aprende que a vida vai muito
além das suas lágrimas ou do sangue que jorra das suas feridas.
É
com alivio que concluo que tudo isso é passado que superei que hoje meus medos
não me assustam tanto, que consigo encará-los que enfim físico e emocional
chegaram num consenso, e que não preciso mais me mutilar a fim de extravasar
qualquer sentimento por pior que seja. Agora decidi que cortes só na tristeza e
em qualquer sentimento que me impeça de ser feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário