
Às vezes me vê falar tanto pode
incomodar, mas ultimamente notei que quando é o contrario a reação também é a
mesma. Quando falo pouco as pessoas deduzem que algo está errado e logo me
cobram o som da voz.
A questão é que apesar de falar
muito nem sempre estarei pronta pra fazê-lo. Às vezes tudo o que quero é
ocultar a minha voz, calar, silenciar... Acredito que no meu sossego está
implícito o que quero, mas nem sempre as pessoas notam ou querem aceitar isso.
Comentar uma vez ou outra é valido, mas força
a barra pra que alguém fale, não! Creio que se a pessoa sentir-se a vontade ela
dará uma razão, mas se não há razão, se o silencio é apenas a ausência de ter o
que dizer o que custa aceitar a verdade?
Por que a verdade é que nem
sempre estamos a fim de soltar a voz, às vezes não temos o que dizer, às vezes até
temos, mas não queremos... São momentos, fases, situações, particularidades que
devem ser respeitadas e que qualquer um pode ter.
Silenciar é preciso, num mundo
tão barulhento, em que todos falam em que todos querem impor sua voz, calar
também é necessário, é bom ouvir, refletir, retirar-se... Gosto desses momentos
e eles seriam melhores se em vez de aproveitá-lo eu não tive que fica
justificando o porquê. Como disse e repito é compreensível as pessoas cobrarem
isso de mim já que falo tanto, deve ser estranho me vê muito tempo calada. Mas
se eu digo que não tenho o que falar, é por que não tenho, eu melhor do que
ninguém gosto de dividir as dores, de desabafar minhas magoas, mas há momentos
que elas não existem, ou que apenas não merecem ser citadas.
Ultimamente tô um pouco ‘chatinha’,
tô meio que abusada da vida, das pessoas, das coisas, das situações... No texto
anterior falo sobre isso, não é definitivo, é um momento, uma fase, não é a
primeira e nem será a ultima vez que isso acontece. Vai passar, sempre passa,
mas enquanto isso não acontece só me resta esperar, ter paciência e tentar lida
com a situação da melhor maneira possível, sem ofender ou machucar ninguém e
isso me inclui.
Por trás dessa base de ferro,
há falhas, há rachaduras que às vezes desmoronam, chega um dia que me cansa
querer ser perfeita, de querer fazer o certo, de sofrer tanto, de querer
acertar, de querer ajudar, de querer e querer...
Sou feliz, amo minha vida,
aprendo muito com ela, mas na minha humanidade imperfeita também me canso,
também desanimo, também quero esvaziar quando já to cheia de ser tanto e ao
mesmo tempo nada.
E é esse tempo de ser nada que
eu quero poder curtir, nem que por algumas horas ou dias talvez... Quero ter o
direito de não falar, de não sentir, de não ouvir... De viver em ‘ponto morto’
de ser ‘neutra’, de ser ‘café com leite’, de esvaziar todas as prateleiras do
meu ser. Não sei se peço muito ou se é difícil entender o que digo, mas é nessa
confusão toda que me encontro que me reorganizo que acho um ou outro frasco de
força pra injetar na veia e seguir adiante. Não to pedindo que me esperem, ou
que fiquem do meu lado – seria pedir demais - , só o que quero é deixar a vida
seguir seu rumo, ela não me espera, e se paro sei que vou ter que dá duro para
acompanhá-la. Sou consciente de meus atos e por isso mesmo queria pedir um voto
de confiança.
Meu anseio hoje é ser
contemplada não só com férias da faculdade ou do trabalho, mas também de mim
mesma, das pessoas, das coisas... E se eu conseguisse isso o tempo passaria rápido,
eu não preciso de muito, a grande questão é que um momento ou outro sou
invocada, as pessoas desejam um conselho, desejam desabafar, desejam que eu fale
que eu abra um sorriso, que eu isso que eu aquilo... E antes de esvaziar eu já
to cheia de novo.
Não queria ter que andar com
uma placa dizendo “Tô dando um tempo da relação”. Queria que as pessoas
percebem isso, ou que simplesmente entendessem quando eu o faço. Amo ajudar os
outros, faço isso por que é parte do que sou, e por isso mesmo não consigo
ficar muito tempo ausente, isso que tá acontecendo é momento raro, mas poucos
ou não são intensos e dos quais eu preciso absorver toda essência. E se peço
isso é por que sempre respeitei as escolhas que os outros fazem, posso não
aceita-las, mas isso não que dizer que não as compreenda. Nem que não goste
delas ou elas de mim, entendo que as pessoas também possam querer dá um tempo
de mim, mas nem por isso deixarei de amá-las ou de tá do seu lado quando
precisarem.
No fundo eu não queria ter que
partir dizendo “adeus”, quero ir e dizer “até mais” por que eu vou mais eu
volto, eu sempre volto!
Menina dos olhos de Deus
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