quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Férias de mim mesma...

Tenho fama de ‘faladeira’, isso todo mundo sabe, dependendo da situação falo horas e horas... Sempre gostei de compartilhar minhas experiências, discuti assuntos diversos, mas também sei que isso é uma maneira de compensa a maior parte que fico em silencio dentro de casa, aqui não somos muito de conversa, falamos o necessário, as vezes minha mãe até cobra de mim que eu fale mais, eu até tento mas geralmente ela entende errado as coisas que digo isso acaba gerando uma briga e então eu simplesmente limito minhas palavras.

Às vezes me vê falar tanto pode incomodar, mas ultimamente notei que quando é o contrario a reação também é a mesma. Quando falo pouco as pessoas deduzem que algo está errado e logo me cobram o som da voz.
A questão é que apesar de falar muito nem sempre estarei pronta pra fazê-lo. Às vezes tudo o que quero é ocultar a minha voz, calar, silenciar... Acredito que no meu sossego está implícito o que quero, mas nem sempre as pessoas notam ou querem aceitar isso.
 Comentar uma vez ou outra é valido, mas força a barra pra que alguém fale, não! Creio que se a pessoa sentir-se a vontade ela dará uma razão, mas se não há razão, se o silencio é apenas a ausência de ter o que dizer o que custa aceitar a verdade?
Por que a verdade é que nem sempre estamos a fim de soltar a voz, às vezes não temos o que dizer, às vezes até temos, mas não queremos... São momentos, fases, situações, particularidades que devem ser respeitadas e que qualquer um pode ter.
Silenciar é preciso, num mundo tão barulhento, em que todos falam em que todos querem impor sua voz, calar também é necessário, é bom ouvir, refletir, retirar-se... Gosto desses momentos e eles seriam melhores se em vez de aproveitá-lo eu não tive que fica justificando o porquê. Como disse e repito é compreensível as pessoas cobrarem isso de mim já que falo tanto, deve ser estranho me vê muito tempo calada. Mas se eu digo que não tenho o que falar, é por que não tenho, eu melhor do que ninguém gosto de dividir as dores, de desabafar minhas magoas, mas há momentos que elas não existem, ou que apenas não merecem ser citadas.
Ultimamente tô um pouco ‘chatinha’, tô meio que abusada da vida, das pessoas, das coisas, das situações... No texto anterior falo sobre isso, não é definitivo, é um momento, uma fase, não é a primeira e nem será a ultima vez que isso acontece. Vai passar, sempre passa, mas enquanto isso não acontece só me resta esperar, ter paciência e tentar lida com a situação da melhor maneira possível, sem ofender ou machucar ninguém e isso me inclui.
Por trás dessa base de ferro, há falhas, há rachaduras que às vezes desmoronam, chega um dia que me cansa querer ser perfeita, de querer fazer o certo, de sofrer tanto, de querer acertar, de querer ajudar, de querer e querer...
Sou feliz, amo minha vida, aprendo muito com ela, mas na minha humanidade imperfeita também me canso, também desanimo, também quero esvaziar quando já to cheia de ser tanto e ao mesmo tempo nada.
E é esse tempo de ser nada que eu quero poder curtir, nem que por algumas horas ou dias talvez... Quero ter o direito de não falar, de não sentir, de não ouvir... De viver em ‘ponto morto’ de ser ‘neutra’, de ser ‘café com leite’, de esvaziar todas as prateleiras do meu ser. Não sei se peço muito ou se é difícil entender o que digo, mas é nessa confusão toda que me encontro que me reorganizo que acho um ou outro frasco de força pra injetar na veia e seguir adiante. Não to pedindo que me esperem, ou que fiquem do meu lado – seria pedir demais - , só o que quero é deixar a vida seguir seu rumo, ela não me espera, e se paro sei que vou ter que dá duro para acompanhá-la. Sou consciente de meus atos e por isso mesmo queria pedir um voto de confiança.
Meu anseio hoje é ser contemplada não só com férias da faculdade ou do trabalho, mas também de mim mesma, das pessoas, das coisas... E se eu conseguisse isso o tempo passaria rápido, eu não preciso de muito, a grande questão é que um momento ou outro sou invocada, as pessoas desejam um conselho, desejam desabafar, desejam que eu fale que eu abra um sorriso, que eu isso que eu aquilo... E antes de esvaziar eu já to cheia de novo.
Não queria ter que andar com uma placa dizendo “Tô dando um tempo da relação”. Queria que as pessoas percebem isso, ou que simplesmente entendessem quando eu o faço. Amo ajudar os outros, faço isso por que é parte do que sou, e por isso mesmo não consigo ficar muito tempo ausente, isso que tá acontecendo é momento raro, mas poucos ou não são intensos e dos quais eu preciso absorver toda essência. E se peço isso é por que sempre respeitei as escolhas que os outros fazem, posso não aceita-las, mas isso não que dizer que não as compreenda. Nem que não goste delas ou elas de mim, entendo que as pessoas também possam querer dá um tempo de mim, mas nem por isso deixarei de amá-las ou de tá do seu lado quando precisarem.
No fundo eu não queria ter que partir dizendo “adeus”, quero ir e dizer “até mais” por que eu vou mais eu volto, eu sempre volto!
Menina dos olhos de Deus

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