domingo, 8 de agosto de 2010

"PAI: Meu herói, meu bandido".

Tá vendo aquele homem de estatura mediana, negro, olhos castanhos, cabelos ralos denunciando uma futura careca, de barriga voluptuosa  parecendo que engoliu uma melancia inteira e das grandes ? Ele é meu pai!


Consegues notar o quanto ele é tímido, calado e reservado? Pois é, papai sempre foi homem de poucas palavras, “na dele”, se a boca falava pouco, os olhos viam muito, era um bom observador.


Nossas conversas geralmente breves tratavam de assuntos triviais do dia-a-dia, coisas do tipo: “O comer ta pronto! Ta faltando arroz, pode ir comprar? Mãe ta chamando...” parecia mais um monologo que um dialogo, havia muito o que dizer, mais foi no silencio das palavras que selamos nossa relação.


Dificilmente contávamos com ele para alguma coisa, vivia ausente, num outro mundo, buscou na bebida a saída para os problemas, e no fim ela tornou-se o maior de todos eles. Mais de todas as lembranças essa é uma das que prefiro apagar, prefiro lembrar dos momentos que na “garupa” da bicicleta o via cumprimentar a todos no percurso ate a escola, e pensava: “Como papai é popular” .


Papai e mamãe são os opostos que se atraem, a calmaria e a ventania, o frio e o calor, o que ele tinha de quieto ela tinha de agitada, e assim com sua personalidade forte e marcante mamãe acabou assumindo o papel de homem e mulher da casa. Difícil era esconder a preferência dos filhos por ela.


Eu muitas vezes cheguei a pensar que caso ele morresse não sentiria tanta falta, não que eu desejasse isso, mais devido as circunstancias sempre fui mais ligada à mamãe.


Quando papai se foi à tristeza se abateu em nós, agora com sua ausência as paredes gritam, cada canto denúncia sua existência, foi difícil aceitar que se antes ele falava pouco agora simplesmente não falaria mais.


Por varias vezes culpei-me, por não ser uma boa filha, por não ter dito que o amava, pelos abraços perdidos, por não ter-lhe dado o merecido valor.


E se querem saber eu senti sim, muita, mais muita falta dele, ainda sinto...


Será que ele me ouve de onde está? Será que nesse momento consegues m e v e r? Desejar uma segunda chance não seria suficiente para corrigir o que foi ou não feito. Ao seu modo aceitou-me como filha e ao meu adotei-o como minha única e verdadeira referência de pai, assim com seus defeitos e qualidades.


Não importa mais o que eu não disse ou que deveria ter feito, eu sei e ele sabe que ao meu modo eu o amei e o amo com tudo que tenho e sou e não é o fato de falar ou demonstrar que vai impedir que meus sentimentos deixem de existir.


Não importa o que ele não fez ou deveria ter dito, ele sabe e eu sei que ao seu modo ele me amou com tudo que foi e tinha, e não foi o fato de demonstrar ou falar que impediu seus sentimentos de existirem.O amor não precisa de justificativas, explicações, remorso, culpa, o que poderei ser feito e não foi, acima de tudo o amor precisa ser vivido, sentindo, eternizado em cada coração, em cada alma, em cada ser.


Chegamos a mais um Dia dos Pais, é o quinto sem você aqui, sua presença pra mim é real e constante, e assim como jamais deixaras de ser meu pai, meu amor por ti jamais deixara de existir e é ao nosso modo “poucas palavras de ser” que te desejo:


FELIZ DIA DOS PAIS!


Pai! Pode crer, eu tô bem eu vou indo tô tentando, vivendo e pedindo com loucura prá você renascer...”

*Texto especialmente dedicado ao meu querido e saudoso pai JÓSE JOAQUIM, o ZEQUINHA.

Menina dos olhos de Deus

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